JOOST

Os internautas que aguardavam ansiosamente para testar o programa Joost, divulgado como a grande promessa da TV pela internet, já podem se cadastrar para receber em poucos minutos um convite de acesso (clique aqui e faça seu cadastro). Antes disso, essa novidade, ainda em versão de testes, era bastante restrita -- só era possível acessá-la através de convites enviados por amigos, como aconteceu no início da rede social Orkut. Os criadores desse programa apostam que a novidade vai acabar de uma só vez com a televisão convencional e a concorrência no ramo de vídeos na internet (leia-se YouTube). O G1 testou essa promessa em abril e chegou a conclusão que, apesar de ter sido criado pela mesma dupla que concebeu os popularíssimos Kazaa e Skype, o Joost ainda tem um longo caminho para cumprir o que promete. Teste do G1 O Joost foge à linha dos distribuidores de vídeo tradicionais; em vez de site, ele é um programa que precisa ser baixado e instalado em computadores com acesso à internet rápida. O programa traz à web o antigo modelo da televisão: são diversos canais, com atrações exibidas no formato “tela cheia” (full screen) do monitor. Todos os arquivos disponíveis pertencem a empresas de mídia parceiras da iniciativa. Por isso, nada de achar aqueles vídeos engraçadinhos que o seu vizinho coloca na internet, mais precisamente no Youtube (Cicarelli agradece). A instalação do programa de 10 MB compatível somente com Windows XP e Windows Vista é rápida. No entanto, o software exige um hardware robusto: processador Pentium 4 e pelo menos 512 MB de memória RAM. Além disso, a conexão de internet tem de ser forte, com no mínimo 512 Kbit/s. Isso acontece porque o Joost funciona de um jeito parecido com o BitTorrent -- os usuários não só baixam os arquivos, como também os fornecem. Em suma, o Joost faz broadcasting com a banda alheia. Uma vez instalado e rodando, o programa exibe a seguinte tela: Diante dessa imagem, você saberia o que fazer? Pois é. O caminho mais fácil é seguir as “Sugestões do Joost” (Joost Suggestions) escondidas no controle localizado no pé da tela. Em nossa primeira tentativa, o que apareceu foi um episódio de “Bridezillas”, reality show da TV a cabo norte-americana sobre noivas que se transformam em “monstros” durante a preparação para o casório. Na abertura de cada vídeo, aparece uma propaganda de “oferecimento”. Nada grave: apenas o nome do patrocinador durante cinco segundos. Se a idéia for dispensar as sugestões e sofisticar (e a impressão é de que logo isso será necessário), pode-se clicar em “meus canais” (My Channels) no canto esquerdo da tela. Ao fazer isso, surge a seguinte tela: Aqui, há material para todos os gostos: de futebol a ficção científica, passando pelo Guinness Book e programas da MTV. Só que ainda é muito pouco, para os internautas acostumados ao universo infinito de conteúdo disponível na internet. TV 2.0 É chegado o momento de clicar no ícone do lado direito “Meu Joost” (My Joost). Com essa opção, o Joost mostra definitivamente que não é televisão convencional: “selecionamos as melhores características da TV e adicionamos o que a internet tem de melhor”, afirmou à revista “Wired” Janus Friis, um dos criadores do Joost. Nesse menu estão localizados o comunicador instantâneo, canal de bate-papo, agregador de notícias, quadro de avisos e função para dar notas aos vídeos assistidos, como no YouTube. Fica a pergunta: isso basta para tornar o Joost revolucionário? Na redação do G1, o frisson inicial durou pouco durante o teste realizado em abril. Depois de darem uma rápida olhada no programa, os curiosos voltaram a seus lugares sem se mostrar impressionados. Ou seja, o que há não basta: o conteúdo é restrito, a qualidade da imagem ainda não bate a TV convencional (que dirá a digital) e há dificuldade no manuseio do programa. Mas o que mais pesa é que a estrutura do Joost eliminou o sabor anárquico da internet. Em vez de abrir as portas para o usuário criar seu conteúdo, o programa vai na contramão da informática e restabelece a via de mão única dos veículos de comunicação tradicionais. É o preço do combate à pirataria. Se a indústria do entretenimento comprar a idéia, é possível que a qualidade do conteúdo derrube esses entraves. A ironia é que, depois de abalar a indústria fonográfica (Kazaa) e assustar as empresas de telefonia (Skype), os criadores do Joost vão depender da boa vontade de seus antigos algozes para triunfar mais uma vez na web.

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