Obama e a exuberância racional de Roosevelt

Mas acabei de ler a coluna-desabafo de Richard Cohen, no "Washington Post", que começa assim: "Basta de Lincoln. Mais Roosevelt". No argumento de Cohen, existe uma crise de confiança nos EUA e, portanto, além dos pacotes de estímulos fiscais, é preciso um dirigente com a exuberância racional de Roosevelt.
Sua determinação titânica para conviver com a pólio e enfrentar a Grande Depressão (sem falar de Hitler) é fonte de inspiração. Ë o que os americanos necessitam neste momento. E animador-chefe deve ser o presidente. Não se trata, é claro, de fantasiar ou esconder a gravidade dos problemas. Roosevelt, nas suas conversas com os americanos pelo rádio abria o jogo sobre o tamanho do buraco, mas explicava como era possível sair dele. É a diferença entre o demagogo barato e o valioso estadista.
Obama bate tecla na necessidade de um país pós-partidário. Isto não existe. Evidentemente, ele poderá cicatrizar muitas feridas. De qualaquer forma, os EUA não estão no estágio histórico de Lincoln da guerra civil. Logo, o maior desafio de Obama é a crise econômica. Comparações com a Grande Depressão são (ainda) exageradas, mas são feitas com tanta constância que o clima é de desolação. Existe uma recessão no país, mas os americanos já estão deprimidos.
Obama, de fato, é prisioneiro das altas expectativas, mas esperança é uma commodity mais do que necessária para um país prestes a sair das sombras da era Bush-Cheney. Em uma entrevista ao programa "60 Minutos", da rede CBS, no domingo, Obama falou da importância de restaurar a autoridade moral dos EUA no mundo. A tarefa é urgente, mas antes ele precisa oferecer o otimismo realista de Roosevelt aos americanos, sem esquecer a grandeza de Lincoln.

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